quarta-feira, 21 de setembro de 2011

born in Paços de brandão


1928- antigo palacio dos Brandões

Não há data exacta que confirme a fundação desta freguesia. Lê-se no Arquivo do Distrito de Aveiro ( nº-6 , pag.87 ), “ que as Vilas portuguesas que nos aparecem no principio da Monarquia e ainda no Reino de Leão são de origem romana , se não anterior “ e deste modo os brandoenses podem-se orgulhar da origem milenária da Vila de Paçô de que falam já documentos muito anteriores á Monarquia. Sabe-se que antes do nome actual , era terra dividida e se chamava : Paçô , denominando por lugares de Rio Maior, da Riba e Extremadouro. Interrogando vestígios primitivos , talvez anteriores a Extremadouro , coevos de Villa Palaciolo ou Paçô, vou encontrar o primeiro íncola a pisar este espaço de território , hoje denominado de Paços de Brandão. Dizem-nos antiquíssimos documentos dos anos 773 a 1159 que Paços de Brandão , se chamou primitivamente Vila de Paçô ( Portugaliae Monumenta Historica – Diplomata et Chartas , I, CCLVII , CCCXXV e CCCCI ; Baio Ferrado , paginas 77 a 79 ). Todos estes documentos são em Latim. Todos eles mencionam Villa Palaciolo , isto é , Vila de Paçô. E o termo vilas naquele tempo não tem o mesmo valor das actuais . O de 773 deve ser de data posterior. A mudança de Vila de Paçô para Paços de Brandão deu-se entre 1159 e 1186. De facto , é de 1159 o ultimo documento conhecido em que aparece ainda Villa Palaciolo – Vila de Paçô (Baio Ferrado, pag.79 ); e é de 1186 o primeiro onde se escreve já Palaciolo de Bndõ – Paços de Brandão ( Censual do Cabido da Sé do Porto , pag.550 ). Com a chegada em 1095(?) a esta terra , dum cavaleiro Normando chamado de Fernan Blandon, tudo mudou e tornou-se única em parcela. Alistara-se nas hostes do Conde Dom Henrique juntamente com o seu irmão Carlos , lutando lado a lado para expulsar o Islão. Depois da reconquista de Espanha , sob o beneplácito de Filipe I, rei de França ,sendo que após a reconquista ,o Afonso VI enviou-os á Lusitana Terra sob o comando do conde Dom Henrique para correr com os Mouros e por cá ficou. Em prémio dos serviços prestados , o conde Dom Henrique recebeu o Condado Portucalense de que tomou posse em 1095. No mesmo ano foi convidado para assistir ao casamento daquele Conde com a Dona Teresa , filha de Afonso VI e para homenagear Dom Henrique . Os seus companheiros espalharam-se pelas terras que tinham conhecido nas correrias contra os mouros. Cada um , sem dúvida , procurou as mais formosas e ricas e que ofereciam garantias de maior segurança. Nesse mesmo ano , porque “ noblesse oblige “ , entrou como donatário de uma terriola , até ali denominada Villa Palaciolo ( Paçô ), (o seu irmão Carlos ficou com a vizinha Rio Meão ) e , que escolheu porque ficava numa área estratégica e bem servida por estradas de ligação com a Estrada Real que , no dizer de A. Girão ( Geografia de Portugal , pag.366) “ no tempo do domínio muçulmano , canalizou nesta parte da Península o esforço máximo da Reconquista Cristã “ , desde então até hoje ficará a ser conhecida como Paços de Brandão. Cá construiu o seu Palácio e a sua torre quintã, como é timbre dos Brandões . Aqui nasceram os seus filhos : Martim e Pedro . Pedro ficou solteiro , tal como o seu tio Carlos que fora viver para Rio Meão. Portanto é através de Martim Fernandes Brandão que se desenvolverá a família nobre. O Historiador da “ Monarquia Lusitana “( edição de 1690) ( Capi. XXIV), transcreve um documento de 1131 , dum códice do Mosteiro de Lorvão , das três ultimas folhas , em que aparece Fernando Brandão como testemunha . Depois diz : “ Dos Brandoens há tradição que vierão de Inglaterra ( Normandia ) & que dous irmãos do tempo do cõde Dom Henrique jazem sepultados em Grijó “. Mas na verdade Fernando Brandão e seus companheiros não vieram de Inglaterra , mas sim da Normandia que é uma região de França. O nosso fundador e seu irmão jazem no Mosteiro de Grijó , que ajudaram na sua edificação. A propósito , quero chamar a atenção para duas coisas curiosas que se notam no estudo dos documentos referentes a Paços de Brandão. A primeira diz respeito à liberdade da grafia do nome. Vejamos : - Villa Palaciolo ( Port. Mon. Historica ); Villa Palatiolo , Villa Palaciolo, Villa Paaciolo , ou somente Paaciolo e Páácio – ( Baio Ferrado ); Palaciolo de Bndõ ( Censual da Sé do Porto );Palaçoo Blando ( Inquirições de D. Afonso II );Brando ( Foral de Afonso III e Livro 3 das Inquirições da Beira e Além Douro , pag. XIII- Torre do Tombo )); Paaçoo de Blandon ( Inquirições de Dom Diniz );Paçó de Brandão , Paaçóo de Brandon , Paaçó de Brandam , Paaço de Brendon , etc. - ( Tomo I do Tombo do Mosteiro de Grijó , pags. 131 a 149 – Torre do Tombo; Paços de Brãdam ( Catalogo dos Bispos do Porto por Dom Rodrigo da Cunha – 1623 ) e finalmente Paços de Brandão , Paços de Brandam ( Relação do Abade José Barboza Queiróz - 1758 ). A segunda coisa digna de especial menção é que os antigos usavam também simplesmente o nome de Paçô. ( Baio Ferrado , pags.77 a 79 ) onde se escreve Paaciolo e Páácio , e que houve tentativas de abreviar Paços de Brandão para Brandão ( Foral de Dom Afonso III e Livro 3 das Inquirições da Beira e Além Douro , pag. XIII, onde se escreve somente BRANDO.

No Século XII, já Paços de Brandão estava paroquialmente constituída. Nesta conformidade , será o primeiro documento escrito que nomeia “ ecclesia “ , um prenuncio porque confirma a sua existência na freguesia muito antes dessa data. E se era “ecclesia “ assumia-se como centro da unidade de todas as vilas circundantes no sentido de unidades agrárias , aldeias reunidas á volta ecclesia.

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