Introdução:
1º- Não conheço qualquer estudo sobre origem , vida e desaparecimento dos antigos títulos paroquiais : abade , cura , prior , reitor , vigário , etc. até há algumas décadas frequentes nos párocos das nossas freguesias. Por isso após aturadas pesquisas , vou reunir os diferentes termos destes , devendo esclarecer que são escassas para o interesse do conhecimento :
Abade : - era a dignidade que inicialmente presidia a um mosteiro com a categoria de abadia ; mas não sei se era abade por estar á frente de uma abadia ou se era abadia , por ter como superior um abade . Se se tratasse de um convento de mulheres a superiora chamava-se Abadessa. No sentido moderno será , digamos o cura de almas privativo de qualquer Igreja paroquial , consequência isso da vulgarização de tal nomenclatura.
Reitor : reitores eram os párocos das freguesias “ cujo dízimos eram no todo ou em parte aplicados a Comendas , mosteiros ou obras pias , ficando ao pároco apenas a côngrua e o pé d’ alta. Depois passaram a designar-se como reitorias as Igrejas “ não paroquiais nem capitulares , nem anexas a comunidades religiosas que aí celebrem os seus ofícios , embora possam pertencer a uma dessas comunidades em propriedade. “
Prior : Antigamente também utilizado na hierarquia civil , na ordem de precedências eclesiásticas era dignidade imediatamente inferior ao abade ; ou então o mesmo superior de uma ordem cujo governo era de priorado. Se o mosteiro era de mulheres a superiora era chamada de prioresa . É de admitir que inicialmente se denominasse de prior ao religiosa que tinha a seu cargo uma igreja paroquial por delegação de uma abadia e depois por semelhança de situações se chamasse ao padre que servia qualquer paróquia , cujo padroado pertencesse a um mosteiro. No sentido do termo na actualidade o nome está implantado mais a sul da nossa região.
Vigário : Tal titulo , também a principio utilizado na ordem civil , como pessoa que exerce determinados poderes em nome de outro é , actualmente , privativo da hierarquia religiosa. Há muitos vigários , desde o vigário de Cristo que é o Papa , passando por uma serie de dignidades como : Cardeal – Vigário - administrador da Diocese de Roma em nome do Papa ; Vigário Geral da Diocese ; Vigário capitular – administrador de uma Diocese vaga em nome do Cabido ; Vigário da vara ou arcipreste , que em direito canónico , vigário foráneo , com funções de vigilância e assistência sobre as paróquias , onde tem o direito de precedência sobre os párocos e outros sacerdotes , até aos nossos padres , cujo verdadeiro titulo é vigários paroquiais. E estes podem dividir-se no pároco propriamente dito ; e o vigário ecónomo , isto é , o que recebe o oficio como simples administrador , caso normal actualmente. Há ainda os vigários cooperadores a que vulgarmente chamamos coadjutores , visto que auxiliam o pároco. Encontram-se nos antigos livros paroquiais os vigários encomendados : era do mesmo modo uma situação interina , provisória , tendo o cargo de paroquiar até á nomeação definitivo , conquanto muitos havia que eram assim conservados por tempo indefinido.
Cura : Era o pároco com o encargo de administrar os sacramentos e conduzir espiritualmente os paroquianos por simples delegação temporária do Bispo. Além deste havia e há os capelões – sacerdotes com o encargo do serviço de uma capela , isto é de um templo não paroquial , como por exemplo o da Igreja da Misericórdia. Há ainda o ermitão , mas este não era padre , e sim um leigo com o encargo de simples limpeza e serviço laico inclusivamente ajudar á missa , numa ermida ; se for feminina era a ermitoa. A sua nomeação era da responsabilidade de outrem e não do Bispo , consoante o Padroado.